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Concordo com os teóricos da psicologia que afirmam que para ter uma personalidade sadia e equilibrada precisamos de pelo menos 4 amigos. Sua escolha, independe do sexo, segue 2 critérios: não ter vínculo sanguíneo; e 1 de cada fase do desenvolvimento: 1 criança, 1 jovem, 1 adulto, e 1 velho.
Eles justificam assim a teoria: independente da idade, valemos por 4, já que em nós está a criança e o jovem que fomos, o adulto que projetamos, e o velho que seremos. Aí, estes 4 amigos serão interlocutores dos nossos 4 eus desafiando-os a viver, imaginar, criar projeto, rever valor, ressignificar feito, construir sonho, brincar, amar, ser resiliente, alegre ou triste, inquieto, medroso ou corajoso etc.
A pandemia, com isolamento e distanciamento social me re/aproximou dos meus 4 amigos que por vezes, no que considerava rotina normal, negligenciava na convivência e no combinado.
Hoje descobri que este quarteto nobre, Ricardo, Catarina, Jasmine e Arthur, completa minha vida e me ajuda a andar nestes dias sombrios.
Ricardo tem 82 anos e um coração de leão. Nada lhe é difícil, longe, complicado ou caro, mas o que mais me encanta é que não gosta de me ver triste, diz que se eu ficar assim, ficará também.
Catarina, 48 anos, no auge da carreira, se desdobra entre trabalho e família, tem filhos jovens e pais velhos. Esta rainha me faz revisitar um passado recente, falar dele, e reavaliar ações para ajudá-la na tomada de decisões pesadas.
Jasmine, 19 anos, faz o 2º ano de um curso que a deixa de cabelo arrepiado por não entender nem o valor nem o porquê de estudar certas coisas, por discordar de uns colegas e professores, e por não acompanhar todas aulas virtuais.
O príncipe dos nobres é Arthur, 2 anos, elegante, simpático, de fino trato. Tem o dom da música e me faz serenata, pois é meu vizinho e a percussão e o violão lhe correm nas veias.
Com Ricardo revejo que a vida é boa e não devo perder tempo deixando para ver isto na velhice.
Com Catarina recordo que a vida é amor e trabalho, que os projetos nos guiam e que o adulto move o mundo.
Com Jasmine revejo que a vida é bela e não se pode perder tempo buscando o porquê no abstrato que afasta do concreto.
Com Arthur sinto que a vida é uma festa, que tenho muito pela frente, e brincar, ousar, rir é remédio.
Se a teoria está certa não sei, mas se não fosse essa corte seria mais difícil atravessar a pandemia, pois o isolamento me desacomoda e desafia para o novo normal. O que sei é, toda vez que estou no paraíso ou queimo no inferno recorro a 1 dos 4 parceiros desta vida séria, leve e dura, plena de amor, realização, loucura, glória, perdição, vias, portas e janelas.
Achar 4 amigos é ação faraônica, mantê-los é missão para Hércules, desfrutar do convívio é bálsamo.
Caro leitor, sabias desta teoria? Tens 4 amigos? Não? Que tal encontrá-los?